Etapa 01 - Início da Viagem - 4106Km

Países: BRASIL - PARAGUAI

Datas: 09/12/99 a 20/12/99

 

09/12/99 Quinta-feira - 1a. Saída em Lorena

Nossa 1a. saída promocional ocorreu na cidade de Lorena, interior de São Paulo. A festa aconteceu na minha casa (Fabiano) e contou com a presença de muitos amigos e familiares. Vale destacar a presença do pessoal do Jeep Clube Búfalos do Vale (Domingos, Erwin, Jabô, Gay, Rocha...) e também da mídia local: Folha de Lorena, Jornal Guaypacaré (Rodolfo) e TV Setorial (Vera). Pena não ter contado com a presença do Gimenez, que se encontrava em Assunção fechando os últimos patrocínios. Fica aqui um grande abraço para o Toninho e Çarico que enfrentaram o pesadissímo trânsito deste dia em SP e fizeram um "bate-volta" para prestigiar nossa festa no interior. (Fabiano Coura)

10/12/99 Sexta-feira - Últimos preparativos (220Km)

Eu e o Fabiano nos demos o luxo de acordar um pouco mais tarde (10:00hs), pois a festa foi madrugada adentro. Chove um pouco e o tempo está feio. Ainda tínhamos que finalizar os últimos detalhes. Achamos conveniente fazer tudo com calma e sair para São Paulo um pouco mais tarde para dormir no meu ap. (Dado)

11/12/99 Sábado - Rumo a Assunção (1280Km)

Acordamos cedo e logo partimos para Cidade de Leste, sem antes esquecer de pegar o Mauri, irmão do Gima que aproveitaria para pegar uma carona. O caminho é longo, o que torna a viagem um pouco cansativa porém nada diminuiria nossa empolgação inicial. Após mais de 1200Km chegamos na casa do Tio do Gimenez, Carlos, que nos recebeu muito bem. (Fabiano Coura)

12/12/99 Domingo - "Largada em Assunção" (330Km)

Tomamos o "desayuno" já bem tarde (10:00hs) e logo em seguida seguimos para Assunção, como cachorros magros que comem e desaparecem... O caminho é constituído de estrada mão dupla e é necessário muita atenção pois alguns paraguaios "loucos" andam constantemente na contra-mão ou ainda estacionam no meio da rodovia. Frequentemente se observa acidentes recentes ou vestígios de outros que outrora ocorreram.

Aproveitamos para nos deliciarmos com as deliciosas "Chipas" (meu pai que o diga!), uma espécie de pão de queijo e mandioca que diversas moças devidamente uniformizadas e com cestas enormes vendem na beira da estrada.

-Tia, não temos guaranies, aceita REAL?

-Nem pensar!! Aceito dólar americano.

-Três chipas por um dólar, acho que fizemos um bom negócio!

Tínhamos que correr pois a saída promocional de Assunção ainda ocorreria imprescindivelmente neste dia. Passamos na casa dos "Gimenez" e agora a equipe estava completa. Fomos direto para o posto da Shell onde definitivamente a aventura começaria. Também como no Brasil, tivemos a presença de uma grande quantidade de pessoas. Entre muitos curiosos havia muitos parentes e amigos do Gimenez e ainda alguns representantes de nossos patrocinadores como Jornal Notícias, Gical e Shell. (Fabiano Coura)

13/12/99 Segunda-feira - Vamos atrasar um pouco...

Planejávamos sair logo cedo mas não poderíamos cumprir nosso prazo por uma causa extremamente especial. Era necessário dar uma atenção especial a mais uma empresa que se agregaria ao projeto: Itaipú Binacional. Eles realmente acreditaram no projeto e se interessaram muito em ajudar no que fosse necessário.

Aproveitamos para antecipar a troca de nossos pneus modelo "Candango" por um jogo zerinho do FSR da Firestone que certamente aguentaria a viagem toda. (Fabiano Coura)

14/12/99 Terça-Feira - Agora vai!!! Vamos pro Chaco (730Km)

A hora chegou!! Partimos inicialmente para a região ocidental do Paraguai, onde conheceríamos o Parque Nacional Defensores del Chaco, cuja sede se encontra em Fortín Madrejon. Os primeiros 500Km de asfalto foram tranquilos e com direito a uma parada estratégica em Pirahu, em uma bela lanchonete, onde comemos ótimos empanados e sandwiches de "Lomito" (filé sei lá do que...).

Seguimos para Filadélfia... não! Não alteramos nosso roteiro para a América do Norte não! Trata-se de uma colônia de Menonitas (descendentes de Alemães, Canadenses e Russos) fundada em 1930. Apartir deste vilarejo seriam 220Km pelas estradas alagadas e cheias de atoleitos do Chaco.

Uma primeira "atravessada" com o carro na estrada já nos obrigou a diminuir a pressão dos pneus de modo a melhorar a aderência com o solo. Seguimos até onde foi possível, vencemos atoleiros enormes, encravamos e empurramos em outros... mesmo que já tarde da noite ainda seguíamos nesta tortuosa estrada com a intenção de chegar na sede do parque... Surge aos nossos olhos uma placa com os dizeres "PELIGRO, RUTA CLAUSURADA" e logo mais a frente um buraco enorme cheio de água que cortava a estrada de um lado a outro unindo as duas "fossas" laterais da estrada. Era realmente um obstáculo de difícil transposição, estava tarde e escuro... resolvemos então montar nossas barracas e descansar para tentar no outro dia pela manhã. Encontramos um outro tipo também desolado com a situação da estrada que nos ofereceu para dormirmos junto a seu casebre. Tomamos um "banho" com a água do pântano e fomos dormir. (Fabiano Coura)

15/12/99 Quarta-feira - Parque Nacional Defensores del Chaco.

Agora estava dia e era possível ver que o buraco era muito pior do que imaginávamos!!! Fui escalado para tentar a travessia. Estudamos a melhor alternativa, demos uma "acertada" com a pá do amigo "desolado", colocamos correntes, angatei a tração e acelerei... PASSEI!! Gritava feliz por não precisar nadar no barro novamente como na noite anterior...

Pouco adiante, como que para perder o mérito anterior, me distrai ao desviar de uma máquina na estrada e deixei o carro "pisar" na parte mole da lateral da estrada... Êta bração!! (como diz meu amigo Jabô). E não era só, estávamos com sorte: um pneu furado e problemas com o macaco nos firezam perder mais de 1 hora. Sem desanimar, seguimos em frente e logo chegamos na bela sede do parque, com ótimas habitações e um pessoal muito "gente-fina" que prontamente nos atendeu.

"Seu" Isabelino já estava morando lá ha mais de 9 meses e nos aconselhou que fóssemos muito cuidadosos pois havia chuvido intensamente durante os últimos 10 dias. Falou também sobre os riscos de se furar os pneus nos espinhos das árvores caídas na estrada.

Seriam + ou - 54Km para chegar ao nosso objetivo, o Cerro Léon, um imponente monte no meio da planície do Chaco, que pretendíamos escalar.

Gimenez dirigia este trecho. Atolamos algumas vezes mas havia árvores para se amarrar o guincho. Estávamos por volta do décimo quinto quilômetro quando uma breve placa dizia "Atenção desvio". A estrada havia desmoronado e um rio sujo e pantanoso era indicado como opção de travessia.

Conversamos um pouco e decidimos tentar alguma coisa. Analisamos o fundo do rio e percebemos que era constituído de areia fina e mole. Não poderíamos desistir após tanto sofrimento. Procuramos pontos de ancoragem para o guincho e lá fui eu novamente na tentativa... UM ABRAÇO. O fundo "fofo" do rio e algumas cavidades feitas por tratores da região me atolou até os dentes! A Rainha foi engolida pelo pântano! Os pneus foram cobertos pela água e o diferencial traseiro apoiado no fundo do rio. Horas se passaram, cavamos, tentamos com o guincho e a situação não se alterava. Eram mais de 18:00hs e tínhamos que tomar uma iniciativa rápida. Gimenez se prontificou a caminhar durante a noite em busca de ajuda. Achava que consumiria menos água indo sozinho e durante a madrugada. Eu e o Dado continuaríamos com as escavações e tentaríamos SOS pelo nosso sistema Orbcomm de comunicação via satélite. (Fabiano Coura)

16/12/99 Quinta-feira - Resgate (261Km)

Acordamos com o incômodo do calor intenso e da grande quantidade de insetos carnívoros da região. Passamos um péssimo dia com a ansiedade tomando conta da nossa mente e afetando nosso corpo. Aproveitamos para refletir sobre nossa atitude mal pensada e redirecionar nossos objetivos.

O sol se punha novamente no horizonte e os insetos cada vez mais se acostumavam com os repelentes. Dado, recordista nas picadas de abelhas (cinco) já estava até conversando amigavelmente com elas... Surge uma luz no fim da estrada, muito longe, como que uma luz no fim do túnel... finalmente a cavalaria estava chegando. Gimenez havia encontrado um forte trator para retirar a Rainha daquele lugar. Seu condutor, um argentino de Buenos Aires, habitante do Chaco a 11 anos, disse que a situação estava ao menos melhor do que havia pensado. Rapidamente tiramos o carro dalí e retornamos para a sede do parque onde o revisamos e tomamos um rápido banho. Conversamos muito com o Gima que nos contou histórias engraçadas como a do campeão que derrubou a parede da sede do parque nacional tentando dirigir um trator desgovernado que usaria para nos socorrer!!! O pior foi o Dado dizendo para o vigia do parque logo que chegamos: -Puxa!! A vaca que fez isso era meio grande hein!! Pois haviam reportado aos seus superiores que o problema fora ocasionado por um boi bravo!!!

Descansamos um pouco e retornamos na mesma noita para Filadélfia, onde chegamos sem combustível mas com muita empolgação.

O Chaco havia nos vencido mas nos deixou uma grande lição. Em aventuras deste tipo não se pode deixar qua ansiedade tome conta de seu ser. É importante sempre manter a calma sobre as mais adversas situações e raciocinar sobre todos aspectos os perigos e problemas que determinada atitude pode ocasionar. Isso certamente nos valeu muito apesar da tristeza de não termos atingido o objetivo final. Off-Road é isso mesmo... um dia se vence e outro se perde, é necessário humildade suficiente para aceitar derrotas mas perseverança para não desistir dos objetivos maiores... quem sabe um dia eu não volto nesse Chaco "Lazarento". (Fabiano Coura)

17/12/99 Sexta-feita - Enfim!!! Descanso (349Km)

Acordamos na entrada do posto Shell em que havíamos acampado. Enchemos o tanque e os galões e partimos para Concepcion, uma cidade de 4000 habitantes localizada ao norte oriental do Paraguai nas margens do rio de mesmo nome. Residem nesta cidade muitos fazendeiros e estudantes brasileiros. A divisa com o Brasil é próxima, cerca de 200Km, feita em Ponta-Porã.

Chegamos as 17:00hs e nos hospedamos no melhor hotel da cidade (Hotel FRANCES, US$ 10,00/pessoa). Queríamos conforto, precisávamos de quartos com ar-condicionado e banheiro com chuveiro, coisa que não víamos há tempo! Um paraíso para os sobreviventes do Chaco.

Gima simplesmente desmaiou, enquanto Fabiano escrevia alguns textos e tratava as imagens digitais. Eu aproveitei o tempo para limpar o equipamento fotográfico. Planejávamos acordar as 21:00hs para jantar, coisa que obviamente não aconteceu. (Dado)

18/12/99 Sábado - Mais um Parque Nacional (191Km)

Este dia foi marcado pela tranquilidade da equipe e pelas amizades seladas. Conhecemos o pessoal do hotel: Gordo, Karine, Dami e Lurdes, que gentilmente nos cederam a conexão da Internet para realizar essas atualizações maravilhosas.

Por volta das 14:00hs saímos rumo ao Parque Nacional Cerro Corá. Este tem grande valor histórico e cultural para o país. Foi onde morreu Marechal Francisco Lopes, chefe do exército paraguaio na guerra da tríplice aliança (Guerra do Paraguai).

O Parque possui um visual deslumbrante em meio as formações montanhosas da região. Conta com uma excelente estrutura para camping, banheiros, mesas para lanches, segurança e um belo rio para se banhar (Rio Aquidabán, afluente do Rio Paraguai).

Nesta noite conhecemos Bjarne Fosteruold, filho de norte-americanos, nascido na Bolívia e morador de uma reserva indígena próxima a Cidade de Leste. Nos foi dada uma aula sobre a comunidade indígena, seus anseios e suas tradições. Boa sorte Bjarne!! Se possível certamente passaremos por aí!! (Dado)

19/12/99 Domingão - Pé na estrada... (635Km)

Hoje a viagem está sendo meio monótona. Deixamos o Parque Cerro Corá levando muitas lenbranças... a bela paisagem na mente e infinitas picadas dos "borrachudos" pelo corpo inteiro.

Seguimos para a civilização... tentaremos dormir ainda hoje em Ciudad de Leste na casa do Tio do Gima novamente. (Fabiano Coura)

20/12/99 Segunda-feira - Visita ao gigante Itaipú (64Km)

Hoje o dia foi puxado... varamos a madrugada trabalhando e estávamos cansados... Acordamos as 8hs e seguimos para conhecer o centro de turismo de Itaipú (mais um de nossos patrocinadores), um bonito local que conta com um completo museu sobre a fauna e flora da região e um zoológico com grande variedade de espécies.

Em seguida visitamos como convidados especiais a gigante hidroelétrica, uma imponente obra do homem frente a natureza. Vale a pena conhecer... as instalações contam com um amplo serviço de apoio aos turistas, que podem ir até o topo da barragem (86m). É importante dizer que as visitas são totalmente gratuitas e contam ainda com apresentações de vídeos e guias que falam português ou espanhol. (Dado)

 

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